sexta-feira, 10 de junho de 2011

Saber Ver Arquitetura, As várias idades do espaço

Pontifíca Universidade Católica
Arquitetura e Urbanismo
Teoria, História e Crítica da Arquitetura e Urbanismo
Orientador Marcos Alves de Carvalho
Fevereiro de 2011.



Resumo do Livro: Saber Ver Arquitetura
Autor: Bruno Zevi



CAPÍTULO 4: AS VÁRIAS IDADES DO ESPAÇO (págs.53 a 73)

Esquematização de um processo histórico-crítico[1]



A história da arquitetura é composta pela história da atividade edificatória atravéz dos séculos que tráz em si a própria história da civilização, baseada em suas preferêcias artisticas.

Antes de esquematizar um processo histórico-crítico, primeiro deve-se analisar os seguintes dados:

Os pressupostos sociais, baseados nos programas construtivos, que fundamentam-se basicamente na condições econômica e nos costumes.
Pressupostos intelectuais. Inclui a coletividade, o individuo e as aspirações dele dentro da sociedade, religião, mundo, etc.

Pressupostos técnicos. Progresso nas técnicas e organizações construtivas.
O mundo figurativo e estético. Concepções e interpretações da arte e o vocabulário figurativo de sua época.

Esses fatores analisados representam a cena sobre a qual nasce a arquitetura, ou seja, a história da civilização: indicam classes no poder, problemas ou descobertas tecnicas, etc.

Após isso, analisamos a história das personagens e dos monumentos.

A crítica dos monumentos esquematicamente:

Análise Urbanistica. Diferenças e caracteristicas dos espaços exteriores antes e depois da construção dos monumentos.

Análise Arquitetônica. História da composição espacial, isto é, sentir e viver os espaços internos.

Análise volumétrica. Estudo do invólucro mural que contém o espaço.

Análise dos elementos decorativos. Escultura e pintura aplicadas a arquitetura.

Análise da escala. Relações dimensionais do edifício com o parâmetro urbano.

Neste capítulo examinamos alguns dos temas fundamentais espaciais, não pretendendo tentar desenvolver uma história da arquitetura. Apesar de ser um grande desejo de nossa cultura e ser possível como vemos em alguns grandes trabalhos.

Antes de escrever esse capítulo nos fizemos a seguinte pergunta: Para ilustrar o que foi dito, é melhor tomar um edifício e analisa-lo a fundo, com todos os detalhes possíveis ou recorrer as principais concepções que se encontram ao longo da arquitetura ocidental, omitindo, assim, algumas regras e exceções e tomando um edifício como prototipo de uma época, o que pode se confundir com o sistema de explicar as caracteristicas no lugar das obras concretas?

Prevaleceu o segundo, apesar dos riscos, pois fomentaria a educação espacial francamente atrevida e livre.

A crítica arquitetônica precisa se livrar de tabus monumentais, arqueologicos, morais para ir mais além de Valadier. Por isso é preferivel traçar uma arco das idades espaciais de Ictino, Calícrates e Fídias até a nossa geração de arquitetos em vez de acrescentar mais uma monografia que deixaria por solucionar a questão da validade da interpretação espacial aqui defendida.



A escala humana dos gregos



O templo grego se caracteriza pela ingnorância do espaço interior, o que leva alguns grandes arquitetos com Wright a despreza-lo e outros, pela escala humana, a admira-lo como Le Corbusier.

Quem investigar o templo grego a proucura de uma concepação espacial, poderá acreditar que o mesmo é um exemplar de não-arquitetura, mas ao observá-lo como escultura, ficará adimirado. Todo arquiteto deve ser um pouco escultor para poder transmitir o prolongamento do tema espacial (volume). O idealizador do Pathernon parece simbolizar o caráter meramente escultorico.

Os elementos construtivos do templo grego são: uma plataforma elevada, uma série de colunas elevadas apoiadas sobre ela e um entablamento contínuo que sustenta o teto. O espaço interior foi fechado, assim como em uma escultura, pois o foco estava na parte externa. Os ritos realizavam-se ao redor do templo (ao contrario da pregação cristã), os ecultores-arquitetos se dedicaram a transformar as colunas, as traves e os frontões em obras-primas. A civilização grega se exprimiu ao ar livre. A história das acrópoles é essencialmente um história urbanística, com humanidade nas suas proporções e escala, esculturas (edíficios e outros), com idéia de comtemplar suas obras.

Toda arquitetura corresponde a um programa construtivo, que geralmente os arquitetos vão buscar inspiração nas formas do passado. O neogressismo do século XIX aproveitou da arquiteura helênica apenas os grandes temas monumentais de plástica e de volumetria, nunca de arquitetura. E geralmente constituem tristes mascaramentos de invólucros murais, conservando as caracteristicas negativas e perdendo, por não se tratar de uma escala humana grega, os aspecto positivos.

No templo grego, o homem caminha apenas no peristilo, no corredor que vai da colunata a parede externa da cela. Quando se aproximam da Sicília e Itália, eles se tornam mais espaçosos e profundos.



O espaço estático da antiga Roma



Nem sempre a apreciação estética se aproxima da arquitetônica. O Pathernon é uma obra-prima artística não-arquitetônica. Já em Roma, muitas vezes podemos supor que não era grandes obras de arte, mas com grandes principios arquitetônicos. É unânime que a arquitetura romana é grandiosa na organização de seus espaços interiores e tão importante quanto a grega, com o gênio dos construtores-arquitetos, que é no fundo o gênio da arquitetura.

A pluriformidade do programa romano no que diz respeito a construção, novas técnicas construtivas, conciência cenografica, fecundidade inventiva faz da arquitetura romana uma enciclopédia morfológica da arquitetura. Traz, também, o amadurecimento de temas socias, deixando de lado a pureza da escultura helenstica.

Vemos as diferenças, mesmo quando usadas colunatas nas duas arquiteturas, pois, o estilo romano cobre o espaço ao contrario do grego que o encerra. Cresce em Roma a escala monumental, a necessidade técnica e o tema social da basílica, rompendo com a contemplação abstrata, enriquecendo-se psicologicamente. Transportar as colunatas gregas para o interior significa deambular no espaço fechado e fazer convergir toda decoração plástica à potenciação desse espaço.

No dicionário da arquitetura romana é possível encontrar um infinidade de motivos e sugestões espaciais. Roma absorve todas as suas conquistas arquitetônicas, mas utiliza o arco e a abóboda em escala, intenção e significados próprios. Também não se pode afirmar, que, apesar de existirem cúpulas e monumentos semelhantes ao do bizantinismo, não justifica a megalomania filo-romana.

O espaço romano é pensado estaticamente, com ambientes circulares e retangulares, simetrias e geralmente autónomos entre si. Com escala inumana e monumental, independente do observador demonstra o poder do imperio e sua superioridade, autoridade.

Quando utilizado, pelo academismo e ecleticismo, é encontrado em obras que apesar de grandes e impressionantes, são austeras. Imitando edifícios com ênfase megalômana e na retórica.



A diretriz humana do espaço cristão



Os cristãos se basearam na arquitetura helenística para criar sua igreja, assim temos a igreja com a escala humana dos gregos e a consciência do espaço interior romano. Produzindo uma revolução funcional no espaço latino.

A igreja cristã ao contrario do senso popular não é a casa de Deus e sim um lugar de reunião, comunhão e oração dos fiéis. Inspirada mais na basílica do que no templo romano, por sua proximidade temporal. Foi reduzida para a intimidade e o amor proposto propor essa religião. Comparando-as vemos poucas diferenças além da escala.

A revolução espacial constitui em ordenar todos os elementos da igreja na linha do caminho humano.

A basílica é simétrica, já a igreja cristã não tem uma das duas absides e desloca a entrada para o lado menor deixando deixando um único eixo longitudinal, a diretriz do caminho humano. É guiada pelo olhar do observador.

Apesar dessas relações não podemos compara-las, pois a igreja tem função e alma.

A diferença entre a escala humana grega e a cristã é que a primeira é estática e a segunda respeita o dinamismo do homem.

Essa conquista dinâmica também é evidente nos edifícios de esquema central. Roma com o passar do templo muda de extrovertido e ativo para mais reflexivo, mostrando essa caracteristica na arquitetura, tornando-a mais dinâmica.

O dinâmismo se mostra bem forte em Santa Costanza, com várias passagens ppara o homem, diversas vistas e sensações.



[1]Subtítulo sugerido pela aluna.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Compatibilização de Projetos

“Compatibilização
A necessidade de coordenar e compatibilizar projetos deriva da perda de elos entre os participantes gerando altos índices de desperdício (RODRIGUEZ, 2005,p.18). Na atualidade existem outros motivos que justificam estas atividades:
• Especialização cada vez maior das diferentes áreas de projetos;
• Conformação de equipes de projeto localizadas em diferentes localidades;
• Número crescente de soluções tecnológicas sendo agregadas nos
empreendimentos.”



CRESPO, CLAÚDIA CAMPOS; RUSCHEL, REGINA COELI. Ferramentas BIM: um desafio para a melhoria no ciclo de vida do projeto, Julho de 2007. III Encontro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Construção Civil, Porto Alegre.
< http://www6.ufrgs.br/norie/tic2007/artigos/A1085.pdf>

A Imagem Como Narrativa

Pontifícia Universidade Católica
Arquitetura e Urbanismo
Escola Professor Edgar Albuquerque Graeff
Estética e História da Arte
Orientador Leandro Bessa
Junho de 2011.




Relação Entre Os Textos A Imagem Como Narrativa, De Alberto Manguel, O Olho E O Espírito, De Maurice Merleau-Ponty E O Filme Janela Da Alma.


Após muitos anos de estudos e influências artísticas, temos alguns autores que tratam da imagem de uma forma mais clara e firme. O livro pelo qual nos baseamos para tratar do assunto foi Lendo Imagens de Alberto Manguel, mais especificamente, o capitulo A Imagem como Narrativa.

O autor exemplifica e cita a imagem que passa uma mensagem, a narrativa de uma aventura ou história. Deixa claro, também, que existem diversos estilos de imagens, algumas que nos tocam de forma mais evidente e outras que não nos envolvem tanto.

Dentro desse conceito existem os que discordam com a ideia de que uma imagem pode ser ampla e deixar espaço para a inserção da experiência do observador, como Gustave Flaubert: “Porque a descrição literária é devorada pelo mais reles desenho”. Esse escritor acredita nas possibilidades da escrita dentro do mais intimo do leitor, e, de acordo, Manguel, acaba subestimando o poder e a influência da imagem.

Como afirma Maurice Merleau-Ponty, ao estudar a teoria da pintura como metafisica, toda imagem que permite “promiscuidade do vidente e do visível”¹ é artística. “Nada é mudado se ele não pinta apoiado no motivo: em todo caso, pinta porque viu, porque ao menos uma vez, o mundo gravou nele as cifras do visível”² , aqui ele mostra que mesmo sem perceber, o pintor quase sempre revela uma narração em sua imagem.

“Somos essencialmente criaturas de imagens, figuras.”³ Nesta frase, Manguel mostra o impacto de todas as imagens que são vistas desde a infância. Com referencias a Salomão, Platão e outros grandes nomes, reafirma a teoria de que toda imagem já foi vista, todas elas nos remetem a algo já existente no nosso intimo. Em Merleau-Ponty essa idéia revela algo crucial para o entendimento individual da imagem: que não é o artista que a vê e sim, a imagem que o vê, ou seja a imagem é o retrato da imagem do artista dentro daquela imagem. Então independente de como se formula essa imagem ela é a narrativa do artista, que aos olhos do espectador se torna a narrativa do espectador no artista. Então toda imagem é narrativa de alguma forma por trazer referencias anteriores.

Essa relação imagem-artista é bem exemplificada no filme Janela da Alma, onde todos foram questionados da mesma forma e cada uma dos entrevistados teve uma resposta e reação diferentes. Cada um focou no campo em que teve suas experiências, o que não enxergava através dos olhos, enxergava por outras referencias, tais como, tempo, altura sons e outros. E já alguns que enxergavam muito bem com os olhos físicos, na verdade enxergavam através de um véu das informações pré-existentes, como a cineasta que analisava tudo pelo trauma, ou a outra que via mais próximo o seu companheiro através das câmeras, por saber que o perderia em breve.

_____________________________
¹Descartes, Discours IV. Págs 112-114.
²M. Merleau-Ponty, O olho e o Espírito, pág. 91.
³A. Manguel, Lendo Imagens, pág.21.


Joanna Lustosa

Relação entre o Filme Sonhos, de Akira Kurossawa, e o texto Sobre Educação Estética, de Friederich Schiller

Pontifícia Universidade Católica
Arquitetura e Urbanismo
Estética e História da Arte
Orientador Leandro Bessa
Fevereiro de 2011.



Esse texto foi elaborado após ler e assistir os conteúdos indicados para tal. Após esse procedimento, tomei como base o texto e seguindo sua linha de raciocínio fiz referências ao filme. Ao final, me volto principalmente para o filme.

Os dois fazem alusão à maneiras de corrigir nossos princípios práticos, ou seja, nossos comportamentos mais involuntários, que nos levam a sentir e observar o mundo de forma especifica. Essa correção está na análise crítica e sem preconceito, numa análise de todos os sentidos e não de conceitos digeridos e repassados. Exemplificado no conto a festa dos bonecos, onde se vê a destruição de um belo lugar (pomar dos pessegueiros) e a limpeza de conceitos de um garoto, que, por isso, enxerga além das irmãs.

Afirmam, de uma forma um pouco subjetiva, que os valores morais se distorcem para dar espaço a uma série de falsos valores impostos pelo consumismo, egocêntrismo, fanatismo de alguns. Existindo sempre uma forma clara de resolvermos essas questões e ela sempre está ligada a beleza e pureza da natureza.
A primeira frase do texto sintetiza toda a sua relação com o universo ao redor. Ele vê no mundo, arte, uma visão primeiramente bela e logo em seguida toda uma mensagem clara sobre absolutamente tudo o que proucuramos, com atenção podemos ampliar nossos conhecimentos e melhorar nosso carater. Sem atenção, nos confundiremos. Quem mais perfeito para ilustrar essa idéia do que Kurossawa?

A cada quadro de seu filme, Akira Kurossawa, revela uma beleza de criativida e conexão com esses principios. Os dois primeiros contos (em sua infância), mostram inocência e uma grande ligação com a natureza e suas regras. O Terceiro conto (encontro com Van Gogh), nos mostra, que precisamos sentir mais, pensar menos, assim criaremos mais coisas belas, se, como diz Friederich Schiller, educarmos nossos sentimentos.

Já o quarto conto, mostra como temos que perserverar nos objetivos mais complexos, desistir, fingir que não vê, muitas vezes é mais facil. Mas precisamos nos esforçar para conseguir o melhor de nós mesmos.


O quinto, sexto e o sétimo são claramente uma referência a esse fanatismo, egocêntrismo que muitas vezes cega o homem e traz tragédias. Esse loucura nos releva o terror da guerra, com a culpa, bombas atômicas,
ganância.

O oitavo mostra a simplicidade e a beleza das coisas naturais, uma verdadeira paixão pela vida e pelo que se pode fazer com ela.

A conclusão é a grande proucura de nós mesmo dentro do caráter e ações que influênciam todos ao redor.

Finalizo com um texto sobre Kurossawa:


“Diz-se que quem nasce japonês, morrerá japonês, tão forte é a carga cultural que molda a personalidade do nipônico desde o berço. Kurosawa é produto dessa cultura demonstrado nos temas de seus filmes. O amor pela Natureza e a estética de significados do xintoísmo, a preocupação com o equilíbrio mental do zen-budismo e a ética social do confucionismo, revestidos pela alma de um humanista, pacifista nos ideais, poeta nos métodos, crítico sutilmente sarcástico na advertência à sociedade consumista, fazem de “Sonhos”, obra de rico conteúdo e beleza que, como nas outras obras do mestre, nos convidam a pensar.”
Por Iochihiko Kaneoya
http://www.nipocultura.com.br/?p=439

Joanna Lustosa

Os Significados da Arte e da Filosofia da Arte

Pontifícia Universidade Católica
Arquitetura e Urbanismo
Escola Professor Edgar A. Graeff
Estética e História da Arte
Orientador Leandro Bessa
Março de 2011.



AITHESIS
Filosofia do Belo e Filosofia da Arte
Relatório Baseado No Livro Introdução À Filosofia Da Arte
De Benedito Nunes.


A Reflexão Filosófica E A Arte
1 – O Pensamento Antigo
A filosofia tem seu inicio na cultura grega. Os primeiros filósofos procuraram descobrir os elementos construtivos das coisas através da Natureza, criando assim o pensamento filosófico primordial. Os Sofistas contribuíram com o pensamento reflexivo-crítico.
Sócrates foi o primeiro a questionou o que a pintura poderia representar, o que a arte acrescentaria aos valores morais, profissões, governo e comportamento social.
Platão, discípulo de Sócrates, problematizou a atividade artística. Posteriormente, Aristóteles, discípulo de Platão, escreveu a Poética, a primeira obra de teoria sobre a arte.

2 – De Plotino a São Tomaz
Depois de algum tempo sem contribuições na filosofia da arte, Plotino concede à arte uma importância metafísica e espiritual, ao contrario do pensamento cristão inicial, que acreditava na arte como desvio do caminho espiritual.
Com o tempo voltou-se a tradição platônica, com atenção a importância filosófica e teológica da idéia de beleza. Para São Tomaz de Aquino é um dos aspectos fundamentais do ser, voltando a unir a idéia de Belo com a de divindade.
No medievo, a beleza é essencialmente de Deus, qualquer relação com a arte é considerada meramente coincidência.

3 – A Filosofia do Belo
No Renascimento houve a união teórica do Belo com a Arte, sendo a Natureza a fonte da verdadeira beleza que dará origem a obra de arte.
Após admitir que a beleza está esparsa nas coisas que nos deleitamos, Alexander Gottlieb Baumgarten fundou a filosofia da Estética (Teoria das Artes Liberais), sendo a ciência do Belo e da Arte.
Em si, o estudo da estética é a filosofia da arte.
“A arte (...) obedecendo a determinados princípios, tem por fim produzir artificialmente os múltiplos aspectos de uma só beleza universal (...).”


Estética e Filosofia da Arte
1 – A Estética
A filosofia da estética é vincular o estudo do Belo a uma perspectiva definida.
O Belo se manifesta principalmente pelas impressões visuais e auditivas para uma visão interior.
Mais próxima do sentimento do que da razão, para Addison, essa visão interior constitui uma faculdade inata, especifica, que é privilegio do homem. Já para Hutecheson o Belo é espiritual, mas sua produção depende de sensibilidade.
Relacionamos o Belo com uma determinada ordem de impressões, sentimentos, emoções, cujo deleite se basta a si mesmo, nesse caso, o ele é uno, completo e consistente por si só.
Estética é derivada de aithesis, que significa o que é sensível ou o que se relaciona com a sensibilidade.
Para Baumgarten, o fundador da Estética, em seu inicio, tinha o objetivo de estudar o Belo e suas manifestações na arte. Com o domínio da sensibilidade, percepção, sentimentos e imaginação é essa disciplina, considerada um conhecimento inferior com relação aos outros estudos da época.
A autonomia do domínio do Belo se deve a Emmanuel Kant. O Belo agrada sem conceito e nos causa uma satisfação desinteressada. A Estética ganha maior importância com três modalidades de experiências propostas:
Cognoscitiva - conhecimento Intelectual;
Pratica - fins morais; e
Estética – intuição e/ou sentimento que satisfazem.
A experiência estética é o Belo que se traduz nos aspectos subjetivos – conceito de Estética Psicologista: efeitos causados em cada individuo particularmente - e aspectos objetivos – que provem do próprio objeto: simetria, proporção, cores, etc.
Essa experiência tem caráter valorativo, mostra valores subjetivos do ser humano a ele mesmo.
Fenomenologia traz o conceito de contemplação, manifestação subjetiva, sensitiva e involuntária.

2 – Filosofia da Arte
Mesmo tentando separar e reconhecendo as diferenças entre Arte e Estética é perceptível que a Estética abrange muitas outras coisas além da Arte e o contrario, também, é verdadeiro.
A Arte reproduz a história e os valores sociais de cada época. A Estética dialoga com a Filosofia da Arte questionando os valores morais.
A própria arte traz a renovação da reflexão filosófica. A filosofia complexa de uma obra de Arte simples leva a refletir sobre todos os tipos de valores, tanto individuais, quanto coletivos.
“Quais são, finalmente, as conexões da Arte com a sociedade, a história e a cultura?”
Hoje o interesse pela arte é o maior já visto na história.

O Belo E A Arte
1 – Kállos, tékne, póiesis
Kállos – Belo, Tékne – Ars, artis: técnica e Póieses – Principio subjetivo da arte como se conhece hoje.
Póiesis tem mais proximidade do que é chamada Arte com a idéia de criação parecida com a criação da humanidade por Deus. Atualmente do que Ars, palavra que dá origem a Aris e que por sua vez origina Artis, Arte que é o mais próximo do conceito de técnica.
O Belo para os gregos era composto de três qualidades: estética (prazer momentâneo e involuntário), moral (verdade ‘superior’, equilíbrio das faculdades moralmente elevadas) e espiritual ou intelectual (conhecimento teórico).
É a qualidade de elementos em estado de pureza, com elementos puros adequados aos sentidos e composições equilibradas. Estado de pureza da alma.
Sócrates afirma que tudo que é útil é belo e que a beleza é patrimônio de almas equilibradas.
O objetivo da obra é tão ou mais importante que as outras características, pois traz uma verdade universal, por eles considerada divina.
Essa divindade advém do fato que a arte das Musas era utilizada para fomentar as virtudes e acalmar as paixões.
O homem vive em busca de paz e prazer que muitas vezes só encontramos em alguma apreciação artística, os gregos afirma que essa é uma procura da alma livre que foi aprisionada no mundo material e vislumbra o mundo superior através dessas expressões.
Aristóteles entendeu que a mimese, ou imitação, da realidade que é a essência comum nas artes.
O vislumbre do Belo traz o desejo de valores melhores.

2 – A doutrina Platônica
Platão, com a renovação por Plotino criou uma atitude e um estado de espírito em relação à Beleza e à Arte.
A tese metafísica é a idéia de que a essência é eterna e tem diferentes roupagens de acordo com a época. O amor leva a alma a vislumbrar um estado anterior de amplitude. O belo é o bem implícito com o impulso de amor.
Essa tese é abordada por varias culturas de formas diferentes, no Japão, o Bushido, o espiritismo, de Allan Kardec, a cultura chinesa fazem referencia a essa idéia.
Com isso o ser humano trava uma eterna batalha entre o sublime e sua parte mais voltada para a matéria, contra pré-conceitos, uma bipolaridade que a história tem referencias marcantes.
As impressões sensíveis fugazes e ilusórias são transmitidas pela matéria.
A arte liberta a alma dessa matéria, volta a origens superiores e traz a paz que sempre procuramos.
“O Amor, a serviço do Bem, acende na alma humana o desejo de imortalidade, fazendo-a passar do conhecimento dos belos corpos ao das belas ações, das belas almas aos belos conceitos, até que, no pináculo da contemplação, revela-se-lhe ‘O oceano da beleza universal’, que confina a realidade em si, e onde, finalmente, ela pode aplacar a sua infinita inquietação.”
Platão acreditava que as escultura e pinturas eram razas de conceito, por isso afirmava que os artesões que fabricavam ferramentas úteis produziam mais arte do que os escultores e pintores e já os poetas e músicos haviam recebido inspiração divina e produziam a verdadeira arte capaz de deixar o homem com o desejo de melhor seu potencial humano.
A arte nesse período tem um papel de prepara o homem para voltar a sua origem que é superior a matéria, ou seja, a poesia é a mimese da beleza de um plano superior e sua dignidade se encontra no ato de incutir o bem moral.

4 - Atividade Artística e Contemplação
Entre a arte como póiesis e a idéia do belo existe um longo caminho que encurtou no período de Aristóteles.
A natureza é independente do homem e tem sua beleza real, já a arte é uma criação humana, por isso reflete um pouco de artificialidade.
A matéria (Hyle – madeira ou material) necessita de uma forma (morphos), um principio ativo, para produzir um ser perfeito. Sendo essas mesmas causas aplicadas à arte e se identifica como idéia concebida pelo artista. Tanto o movimento natural quanto o prático (artístico) saem da mesma fonte.
As representações poéticas aproximam-se da natureza, como forma simplesmente alguma coisa ou como mimese.
“A tragédia, imitação de uma ação completa, acabada, necessita de caracteres: representa o essencial do destino humano naquilo que tem de grande, nobre e exemplar. O seu efeito estético, a catarse (Kátharsis), mostra-nos que essa representação exemplar estende a sua influência ao plano moral da vida.”
A catarse consiste na purificação dos sentimentos humanos, trazendo o prazer dentro da moral. Já Feio por ser moralmente distorcido provoca o riso.
“É que o belo na arte não coincide com a beleza exterior dos objetos, mas sim com a maneira de apresentar as coisas ou ações, a natureza assim ou o homem.”
Plotino introduz a beleza supra-sensível, sendo imutável e eterna e a alma que se agrada ao contemplá-la assemelha-se a ela. Nesse caso a beleza é a alma das coisas. Para ele, o feio é a ausência de forma, pois tudo que tem forma é belo.
A arte nos leva a conhecer a verdade através de seus signos. A arte, nesse caso é um principio espiritual.
Os pensadores cristãos acreditam que o belo e o verdadeiro se encontram apenas em Deus.
O homem deseja possuir o bem, apreender a verdade através da apreciação do belo, por estar mais próximo da verdade.
A arte consiste na boa execução das obras, mas não está diretamente relacionada com a Beleza.

Joanna Lustosa.